Felicidades, lucro e utopia

Alberto Fernando Becker Pinto

Publicada em 23/08/2017 - Revista Expansão

Quando o Professor Daniel Kroeff disseque a felicidade causa o sucesso, e não o contrário, foi como se um feixe de luz entrasse na sala. Ele nos falava da sutil, ou nem tanto, mudança de paradigma que está a impactar o mundo do trabalho: investimento em gestão de pessoas tem correlação linear - quando não exponencial - com a lucratividade das empresas.O mais belo e interessante disso: que a chave desta alteração de perspectiva é a felicidade.

Muita atenção, amigo empreendedor, gestor, executivo! Não se trata de escolher uma palavra bonita ou de licença poética. Antes, daquilo de mais moderno e eficiente em termos de geração de resultado no ambiente corporativo.

Depois de tempos tendo o dinheiro como praticamente único estímulo aos colaboradores, as organizações mais inovadoras do planeta perceberam que este modelo está ruindo. Claro que a remuneração ainda importa.Porém, apenas salários e bônus já não hipnotizam tanto. A revolução copernicana consiste na superação deste modelo: a recompensa não é só dinheiro. A busca por propósito, o senso de pertencimento a um projeto maior do que o bolso do acionista ou sócio, entre outros fatores, convergem para algo que, por décadas, foi negligenciado: a buscada felicidade.

Felizmente, pesquisas científicas comprovam a satisfação no trabalho como fundamental, de acordo com as práticas de gestão das organizações que mais geram resultado no mundo inteiro. Sem dúvida, a procura pela felicidade com o trabalho transforma, para muito melhor, as pessoas e as empresas.

No livro“O jeito Harvard de ser feliz”(The happiness advantage), SchawnArchor fala que a felicidade precede o sucesso, e não resulta dele. Você é feliz, por isso atinge seus objetivos. Jamais o caminho inverso! E isso ressignifica as velhas fórmulas tradicionalmente ensinadas nas escolas, nas empresas, na sociedade.

Ainda bem, hoje sabemos que a felicidade, a gratidão e o otimismo promovem o desempenho e a realização, proporcionando vantagens competitivas, ganhos e, sim, lucro às organizações que compreendem como isto opera em seu benefício. Seria uma utopia pretender que cada empresário do mundo entenda que promover a felicidade das pessoas (o grande ativo de qualquer empresa) não apenas gera desempenho, como contribui para um mundo melhor? Talvez! Nessa hora, sempre lembro do Eduardo Galeano, parafraseando o cineasta argentino Fernando Birri: a utopia está no horizonte; se andamos um passo, ela se afasta um passo. Afinal, utopia serve para isso mesmo: para nos fazer caminhar.

Felicidade, lucro e utopia